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domingo, 20 de novembro de 2011

Carta do governador Fernão de Souza Coutinho ao Rei, narrando a formação do quilombos dos Palmares.

O documento histórico abaixo refere-se a uma descrição dos chamados “quilombos”. Leia o documento histórico atentamente, e depois faça uma pesquisa na Sala de Leitura da Escola sobre o tema para elaborar uma maquete ou uma Planta do Quilombo dos Palmares.

Carta do governador Fernão de Souza Coutinho ao Rei, em 1671, narrando como se formaram os o quilombos dos Palmares.

"Há alguns anos que, dos negros de Angola fugidos ao rigor do cativeiro e fábricas dos engenhos desta capitanias, se formaram povoações numerosas pela terra dentro entre os Palmares e matos, cujas asperezas e faltas de caminhos os têm mais fortificados por natureza do que pudera ser por arte e, crescendo cada dia em número, se adiantam tanto no atrevimento que com contínuos roubos e assaltos fazem despejar muita parte dos moradores desta capitania mais vizinhos aos seus mocambos, cujo exemplo e conservação vai convidando cada dia aos mais que fogem, por se livrar [do] rigoroso cativeiro que padecem, e se verem com a liberdade lograda no fértil das terras e segurança de suas habitações, podendo-se temer que com estas conveniências cresçam em poder de maneira que, sendo tanto maior o número, pretendam atrever-se a tão poucos como são os moradores desta capitania a respeito dos seus cativos; para evitar este dano, determino passar a Porto Calvo na entrada deste verão, lugar mais proporcionado para se fazer esta guerra e dali [...] mandar abrir caminhos para os ditos Palmares, por onde possam ser investidos e arrasadas as suas povoações, continuamente, até de todo se extinguirem e ficar livre esta capitania deste dano que tanto a ameaça; (...) não está menos perigoso este Estado com o atrevimento destes negros, do que esteve com os holandeses, porque os moradores nas suas mesmas casas e engenhos têm os inimigos, que os podem conquistar se se resolverem; a seguir têm pernicioso exemplo, admoestados dos mesmos rebeldes que os comunicam, tendo já tendas de ferreiros e outras oficinas com que poderão fazer armas, pois usam de algumas de fogo que de cá levam; e este sertão é tão fértil de metais e salitre, que tudo lhes oferece para sua defesa, se lhes não faltar a indústria que também se pode temer dos muitos que fogem – já práticos em todas as mecânicas. E porque de semelhantes perigos desprezados se vêm ordinariamente a ocasionar danos irreparáveis, me pareceu opor-me aos que daqui podem resultar.Quererá Deus ajudar-me para que consiga deixar esta capitania livre desta perturbação, que será para mim o maior prêmio de todos os serviços que a Vossa Alteza desejo fazer [...]"

Inácio, Inês, e Tânia R. de Lucca. Documentos do Brasil colonial. São Paulo, Editora Ática, 1993, pág. 77

Fonte: I Caderno Pedagógico de Geografia do SME RJ, ficha 29, pág.134

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